"Ficámos frente a frente, à luz do meio dia. Eu, senhor escritor da comarca de Portugal, e portanto animal tolerado, à margem, e ela, ser humilde, português, que habita ruínas da História; que cumpre uma existência entre pedras e sol, e se resigna (é espantoso); que é, ela própria, um fragmento de pedra gerado na pedra - um resto afinal, uma sobra; que se alimenta de nada (de quê?) e é rápida no despertar, e sagaz, e ladina, embora votada ao isolamento de uma memória do Império; que não tm voz, ou a perdeu, ou não se ouve..."
José Cardoso Pires, O Delfim (Dom Quixote, 18ªedição, p.81)
02 outubro 2008
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