"Este é um problema dos tempos que correm. O grande ódio contra os alemães, que me envenena a alma. 'Eles que se afoguem, essa ralé, deveriam ser todos fumigados.' Estas observações fazem parte da conversa do dia-a-dia e às vezes provocam-nos a sensação de que é impossível viver nesta época. Até que de repente, há umas semanas, me surgiu a ideia libertadora, hesitante e frágil como um rebento de relva que começa a nascer num terreno bravio rodeado de ervas daninhas: mesmo que só houvesse um alemão digno de ser protegido contra essa chusma bárbara, por causa desse alemão decente não se devia derramar o ódio sobre um povo inteiro.
Isso não significa que uma pessoa deva ter uma atitude indecisa em relação a determinadas correntes, uma pessoa toma posição, indigna-se regularmente com determinadas coisas, tenta informar-se, mas o ódio indiferenciado é a pior coisa que existe."
Etty Hillesum, Diário 1941-1943 (Assírio & Alvim, trad. de Maria LEonor Raven-Gomes, p.69)
09 junho 2008
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