«Era, aliás, um caso singular no que às leituras se refere. Era oficial de cavalaria e não apreciava livros. Desprezava igualmente romances e filosofia. Quando lia, não queria ser obrigado a reflectir sobre opiniões e polémicas, mas sim, logo ao abrir do livro, entrar, como por uma porta secreta, no âmago de conhecimentos específicos. Tinham de ser livros cuja simples posse fosse já uma espécie de sinal iniciático de uma ordem e garantia de revelações sobrenaturais. E só encontrava isso nos livros da filosofia indiana, que para ele não pareciam ser apenas livros, mas revelações, coisas reais - chaves de mistérios, como os livros de alquimia e magia da Idade Média.»
(pp. 55,56)
Robert Musil, As perturbações do pupilo Törless, D. Quixote, 2005
24 junho 2008
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