03 dezembro 2007

Cadeirão Voltaire

Sonho materialista: uma sala ampla onde as estantes que agora se acotovelam pudessem multiplicar-se sem conflitos territoriais. No canto mais perto da janela, um cadeirão voltaire. No Inverno, uma manta e o respectivo gato acompanhariam as horas de leitura; no Verão, talvez limonada.
De volta à realidade, as estantes continuam apertadas e o sofá clama por restauro, mas o cadeirão ganhará a sua existência nesta espécie de ‘éter’ virtual. Garantidos que estão o conforto e a aura mítica do assento, falaremos principalmente (mas não exclusivamente) de livros e leituras. Sem a preocupação da actualidade jornalística, teremos livros que são novidades ao lado de outros que os escaparates há muito esqueceram, se é que chegaram a vê-los. Incursões por livrarias de sonho e alfarrabistas de sempre também serão frequentes, bem como descobertas inesperadas na segunda fila das estantes, nos caixotes que ainda moram na casa materna ou no enorme sótão da internet. E haverá revistas e jornais, claro, entre os que se fazem por cá e os que chegam de fora, diferentes cheiros de tinta mas motivos de interesse comuns.
Para dividir o conforto das horas passadas no cadeirão Voltaire, convidei a Andreia. Desconfio que as suas leituras passarão com frequência pela poesia, mas não estranharia que fossem por outros caminhos.
Janelas abertas, agradecimentos deixados a Alfredo Bryce Echenique, que recuperou a imagem do cadeirão Voltaire no seu A Vida Exagerada de Martin Romaña (Teorema), retomemos as leituras.

1 comentário:

O natural de Barrô disse...

Felicidades para o vosso blogue.
Vou acompanhar-vos frequentemente.


Um abraço,

Luís Fonseca