Rêve é um diálogo entre três línguas: texto em português, texto em francês, ilustração a partir de recortes. Neste diálogo há ecos no lugar de comunicação, não há perguntas nem respostas porque todos os elementos estão ligados por uma corrente de contiguidade. As pausas e os vazios entre discursos (textos e imagens) marcam o ritmo do sonho que corre no desejo e no mistério, no prazer da sensação, na transposição para um lugar outro.
O recorte desta vez justapõe a forma e os vestígios de imagens prévias, que foram alteradas pelas novas formas que o papel ganha. O olhar, nem sempre presente mas recorrente, invade a imagem e perturba a leitura. O olhar curioso, alegre ou tímido da criança dialoga com o espelho, o computador, o skate, o esqui – a liberdade de percorrer, sem limites, algo que é no final do livro o desejo de sonhar e de ser, pelo sonho.
Este sonho não está limitado aos topoi da liberdade, da criatividade ou da bondade. Rasga-se a rigidez de quadros e valores estáticos através da exploração de tensões entre o desejo, a experiência e o intangível. O sonho é uma teia de relações e construções limitadas mas catalizadoras, como acontece com o Pai Natal e a relação de causa-efeito entre o seu comportamento e o das crianças. O sentido circular desta lógica abre-se sempre numa mudança porque o sonho, enquanto figura objectável, é intangível. Desse desejo primeiro, os sujeitos regressam a si. Os sonhos são por isso inevitavelmente reflexivos mas operam, a cada processo, uma diferença no sujeito, que muda a cada sonho que sonha, nunca voltando a sonhar o mesmo sonho da mesma maneira. Como a palavra dita ou escrita, como a imagem vista, como o tempo, como a memória.
O álbum Rêve foi editado pelas Edições Eterogémeas, em Setembro de 2007, escrito por Eugénio Roda e ilustrado por Gémeo Luís.
O recorte desta vez justapõe a forma e os vestígios de imagens prévias, que foram alteradas pelas novas formas que o papel ganha. O olhar, nem sempre presente mas recorrente, invade a imagem e perturba a leitura. O olhar curioso, alegre ou tímido da criança dialoga com o espelho, o computador, o skate, o esqui – a liberdade de percorrer, sem limites, algo que é no final do livro o desejo de sonhar e de ser, pelo sonho.
Este sonho não está limitado aos topoi da liberdade, da criatividade ou da bondade. Rasga-se a rigidez de quadros e valores estáticos através da exploração de tensões entre o desejo, a experiência e o intangível. O sonho é uma teia de relações e construções limitadas mas catalizadoras, como acontece com o Pai Natal e a relação de causa-efeito entre o seu comportamento e o das crianças. O sentido circular desta lógica abre-se sempre numa mudança porque o sonho, enquanto figura objectável, é intangível. Desse desejo primeiro, os sujeitos regressam a si. Os sonhos são por isso inevitavelmente reflexivos mas operam, a cada processo, uma diferença no sujeito, que muda a cada sonho que sonha, nunca voltando a sonhar o mesmo sonho da mesma maneira. Como a palavra dita ou escrita, como a imagem vista, como o tempo, como a memória.
O álbum Rêve foi editado pelas Edições Eterogémeas, em Setembro de 2007, escrito por Eugénio Roda e ilustrado por Gémeo Luís.
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