15 fevereiro 2008

Menção Especial para a Cotovia

A editora Cotovia recebeu uma Menção Especial da Associação Portuguesa dos Críticos de Teatro pelo seu trabalho de edição de textos dramáticos, muitas vezes em sintonia com o próprio trabalho das companhias.

"Exercendo a sua actuação editorial em matérias, intenções, parcerias e formatos muito diversos, os Livros Cotovia têm contribuído de forma superlativa para a criação de um repertório de teatro em Portugal, quer editando originais portugueses, quer promovendo ou apoiando traduções de importantes textos da dramaturgia mundial.
Configura esta sua prática uma visão de estimulante abertura não apenas a uma escrita em que poucas editoras gostam de arriscar, mas também à realidade viva da criação teatral ao fazer convergir muitas vezes a publicação dos volumes com a subida à cena das peças, sejam elas de portugueses ou de autores estrangeiros traduzidos.
Reconhecendo embora a evidência de que o espectáculo não se resume ao texto escrito, a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro não pode deixar de destacar a relevância da produção escrita para o palco, ao mesmo tempo que reconhece que as palavras escritas para a cena não se esgotam numa leitura do "literário", antes obrigam a uma atenção multidisciplinar em função da materialização possível dessa textualidade. Daí precisamente a importância de sublinhar a convergência produtiva – para espectadores e leitores – da simultaneidade do aparecimento do texto nestas duas "plataformas" de realização material.
A importância desta deliberada intervenção dos Livros Cotovia no panorama do teatro que se escreve e faz em Portugal justifica plenamente a Menção Especial que o júri da APCT decidiu agora atribuir-lhe."

Associação Portuguesa de Críticos de Teatro
Os critérios editoriais da Cotovia têm contribuído para uma amplificação da qualidade do livro. Os livrinhos de teatro são disso um exemplo. Para o leitor não espectador, a experiência de ler teatro permite-lhe entrar no universo imbricado do texto e da sua composição paratextual (a cena, o acto, o movimento que adensa o texto, o enche e até o desvia da leitura silenciosa e individual). A partir do texto, o próprio leitor sente-se invariavelmente compelido para o jogo imaginário dessa dinâmica do espaço e aceita, naturalmente, a economia do discurso, perante as inúmeras possibilidades dramatúrgicas. A experiência de leitura oferece uma apreensão, ainda que superficial, da experiência de encenação, e tudo se torna, num macro contexto, reconhecível. Dentro dele, o desejo e o espanto podem finalmente exercer o seu poder.

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